segunda-feira, 20 de junho de 2011

Thomas Mann (1875-1955) - escritor alemão


“A doença absolutamente não é nobre, e nem um pouquinho digna de reverência. Essa concepção é por si mesma mórbida ou leva à morbidez. O método mais acertado de despertar repugnância contra ela, talvez seja dizer que é velha e feia. Tem ela a sua origem em épocas supersticiosas, acossadas de remorsos, e nas quais a idéia do humano, privada de toda dignidade, degenera a ponto de se tornar uma caricatura, épocas angustiadas, que consideravam a harmonia e o bem-estar como coisas suspeitas, diabólicas, ao passo que a debilidade equivalia a um passaporte para o céu. Mas a razão e o esclarecimento dissiparam essas sombras que pairavam sobre a alma da humanidade; verdade é que ainda não terminaram a sua obra, e a luta continua. Essa luta chama-se trabalho, trabalho terreno, trabalho em prol da Terra, da honra e dos interesses da humanidade. E temperadas, dia a dia, por essa luta, aquelas forças acabarão por libertar o homem e por guiá-lo pelos caminhos do progresso e da civilização, rumo a uma luz cada vez mais clara, mais sua e mais pura.”

“Há duas atitudes: a livre e a piedosa. Ambas têm as suas vantagens, mas o que me faz antipatizar com a atitude livre, é que ela pretende ter o monopólio da dignidade. Isso é exagerado. A outra atitude encerra também a seu modo, muita dignidade humana e resulta num vasto conjunto de decência, de procedimento correto e de nobre cerimonial, muito mais do que a atitude livre, embora vise especialmente à fraqueza e à instabilidade dos homens e nela desempenhe um papel importante o pensamento da morte e da decomposição.”
Heinrich e Thomas Mann
“Nada é mais estranho, mais melindroso que a relação de pessoas que só se conhecem de vista – que diariamente, em cada hora mesmo, se encontram, se observam; são obrigadas a manter a aparência de indiferente estranheza, sem cumprimento, sem palavra, pela ética ou capricho pessoal. Entre eles há inquietação e curiosidade sobreexcitada, a histeria de uma insatisfeita e artificialmente oprimida necessidade de conhecimento e intercâmbio, e principalmente também uma espécie de respeitoso interesse. Pois o homem ama e respeita o homem enquanto não consegue julgá-lo; e o anseio é o produto de um conhecimento falho.”

“O desespero é algo deselegante e imoral.”
Thomas Mann com Albert Einstein em Princeton em 1938

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